Vivemos em uma época marcada pela velocidade e pela busca constante por conforto. A internet é rápida, as soluções são imediatas e, aos poucos, vamos sendo moldados por uma cultura que valoriza o resultado rápido em detrimento do processo. Mas será que a vida com Deus também funciona assim? Será que existem atalhos no Reino?
Ao refletir sobre Mateus 4 — o momento em que Jesus é tentado no deserto — percebemos duas verdades profundas:
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Satanás nos conhece muito bem.
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Ele é especialista em nos oferecer atalhos.
Satanás não precisou de nenhuma teoria psicológica para entender a estrutura humana. Antes mesmo de Maslow formular sua pirâmide de necessidades, o inimigo já sabia exatamente como nos atacar: começando pelas necessidades fisiológicas, passando pela busca de aceitação e autoestima, até chegar à auto-realização.
Foi assim com Jesus. Após 40 dias de jejum, Satanás oferece pão. Depois, propõe reconhecimento público ao pedir que Ele se jogue do pináculo do templo. Por fim, oferece glória e poder se Jesus apenas se prostrar e adorá-lo. Três níveis, três atalhos. Jesus recusou todos — não porque não alcançaria aquilo, mas porque sabia que há um caminho certo e um tempo certo para tudo.
Jesus foi servido por anjos. Ele entrou triunfalmente em Jerusalém. Recebeu todo poder e autoridade no céu e na terra. Mas tudo isso veio no tempo certo, pelo caminho traçado pelo Pai, e não por atalhos oferecidos por Satanás.
O problema dos atalhos é que eles prometem o bônus sem o ônus. Eles evitam o processo, mas cobram um preço alto depois — um preço espiritual, moral, emocional. O pecado, em si, é um atalho. A mentira é um atalho para fugir da verdade. A lascívia é um atalho para o prazer sem compromisso. A idolatria é um atalho para obter bênçãos sem relacionamento com Deus.
Mas existem também atalhos que não são pecado, mas que igualmente nos afastam do plano de Deus. São decisões boas feitas fora do tempo certo, ou áreas da vida que entregamos apenas parcialmente ao Senhor. É como aquele quartinho da bagunça em casa: escondemos coisas, feridas, dores, e impedimos que Jesus entre para limpar.
Outro atalho é querer ser o controlador da própria vida. Muitos querem Jesus como Salvador, mas não como Senhor. Decidem sozinhos onde morar, com quem casar, o que comprar, sem considerar a voz de Deus. Mas quem guia a nossa vida, de fato? É o Espírito ou é o nosso próprio coração?
O antídoto para o atalho é o caminho. E o caminho é uma pessoa: Jesus. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Não é um caminho fácil, mas é um caminho seguro, que nos molda, nos transforma e nos leva à vida eterna.
Por isso, não aceite atalhos. Nem o pecado escancarado, nem as decisões aparentemente inofensivas fora da direção de Deus. Permita que Jesus não seja apenas uma visita no seu coração, mas o Dono da casa.
Afinal, Ele é o único caminho que vale a pena trilhar.