Graça e paz, igreja! Hoje eu quero convidar você a abrir o coração junto comigo em 2 Coríntios 9:8–13. Esse texto costuma aparecer no momento da oferta, mas o Espírito me levou a enxergar algo muito mais profundo aqui: Deus nos fez para sermos canais — não depósitos — de sua graça.
Paulo escreve a uma igreja cheia de pontos de melhoria, mas com um traço marcante: generosidade que resultava em ações de graças a Deus. Ele afirma que o Senhor é poderoso para fazer abundar toda graça, para que, tendo suficiência, transbordemos em toda boa obra. E é isso que arde no meu coração hoje: viver o Evangelho para além do que recebo, tornando-me canal de bênçãos.
Para ilustrar, penso na geografia de Israel. O mesmo Rio Jordão alimenta dois mares: o Mar da Galileia e o Mar Morto. O primeiro recebe e derrama; por isso há vida, verde, peixes. O segundo só recebe; por isso é salgado e estéril. Quando eu e você nos tornamos apenas receptores, a vida se esvai. O chamado do Reino é ser canal — conduzir a água da graça para terras sedentas.
Como eu me torno esse canal? Lembrando duas verdades:
1) O plano original de Deus: fomos criados à imagem e semelhança do Pai. Em Cristo, fomos restaurados e recebemos o Espírito para sermos filhos que refletem o caráter do Pai.
2) Os atributos comunicáveis de Deus: Ele é amor, compaixão, verdade, justiça, sabedoria. “Co-participantes da natureza divina” não é teoria; é prática diária. Se meu Pai é abençoador, eu não paro em “sou abençoado”; eu prossigo até “sou abençoador”.
Isso reorganiza minhas prioridades. Não basta desfrutar da amizade de Deus; eu me torno amigo. Não basta celebrar o perdão que recebi; eu perdoo. Não basta louvar o Deus provedor; eu partilho o que tenho e uso meus recursos para aliviar a dor do próximo. Deus conhece meu coração: por que me daria mais, se eu não deixo a água seguir adiante?
Ser canal é um estilo de vida. De forma prática, eis caminhos que o Espírito tem alinhado no meu coração:
-
Amor que prova o discipulado: se eu tiver amor pelos irmãos, o mundo reconhecerá Jesus em mim.
-
Generosidade que abre fontes: quem reparte, prospera; quem retém o que deveria dar, empobrece.
-
Obediência no bem: negligência também é pecado; se sei o bem que devo fazer e não faço, eu peco.
-
Palavra que liberta: não serei um “sommelier de sermões”. Abrirei meus lábios para testemunhar o que Deus fez.
-
Atenção às pessoas: em tempos de pressa e solidão, a minha amizade pode ser a resposta de Deus para alguém à beira do desespero.
-
Recursos a serviço: dinheiro, tempo, influência e habilidades são ferramentas para alcançar pessoas — o que é eterno.
Penso também na parábola dos dois filhos: ambos queriam as coisas do pai, mas não o coração do Pai. Que o Senhor cure esse engano em nós. O Reino não é prédio, é gente; todo coração sem Jesus é um campo missionário.
Quero encerrar orando como tenho feito no secreto:
“Pai, não me deixes parecer o Mar Morto. Converte meu coração do ‘ter’ para o ‘ser’. Torna-me canal: que a água que derramas em mim alcance famintos, aflitos, esquecidos. Que o meu amor, perdão, generosidade e serviço façam ecoar ações de graças a Ti. Em nome de Jesus. Amém.”
E que a promessa sobre Abraão se cumpra em nós: “Você será uma bênção.” Não apenas abençoados, mas abençoadores — à imagem do Pai.