Eu tenho aprendido, na marra e pela graça, que a vida é decidida pelas amizades que escolho e pela lealdade que cultivo. Currículo pesa? Pesa. Mas relacionamento abre portas que diploma nenhum abre. E, principalmente, amizade de aliança sustenta quando chega a noite — porque amigo de sombra some na escuridão.
Quando abro Mateus 26:47–54 e vejo Judas chegando com beijo de traição, a frase de Jesus me atravessa: “Amigo, a que vieste?”. Jesus o chamava de amigo porque Ele era amigo; o problema estava no coração de Judas. Isso me ensina duas coisas: (1) eu preciso ser confiável, rocha dura, alguém que não negocia lealdade; (2) a traição não diz quem eu sou — diz quem o traidor decidiu ser.
Também aprendi que ninguém anda bem com gente falsa por muito tempo. Igreja é hospital de caráter: aqui Deus confronta e cura. Davi recebeu na caverna de Adulão uma turma de amargurados e endividados; discipulou aqueles homens, e eles viraram guerreiros. Gente certa perto muda a minha história. Gente errada me puxa para o abismo — e, às vezes, falta só um passo para cair.
Isolamento é uma epidemia do nosso tempo. Ele impede pequenas correções — e são elas que evitam grandes erros. Lembra de Naamã? Se os amigos tivessem inflado o ego dele, ele teria voltado leproso. Mas aconselharam com sensatez: “Se o profeta pedisse algo difícil, o senhor faria; por que não mergulhar no simples?”. Mergulhou e saiu curado. Já Roboão ouviu os “parças” imaturos e perdeu dez tribos. Boas amizades me puxam para o chão e para a obediência; amizades ruins me empurram para decisões tolas.
Eu não posso culpar meu passado, meu contexto, minha dor, para justificar amargura e solidão. Fui criado em lar difícil? Fui. Isso decide meu futuro? Não. Decidem as escolhas diárias: quem eu deixo sentar à mesa, com quem eu oro, a quem eu dou ouvido. Se um fofoqueiro senta ao meu lado e encontra em mim prazer de ouvir, vai florescer fofoca. Se encontra rejeição desse pecado, ou ele muda, ou vaza. É simples e duro assim.
Lealdade é base de relacionamento duradouro. Quando eu desprezo a amizade de alguém, desprezo também a unção que Deus colocou sobre essa pessoa. A unção que respeito é a unção que atraio. Se eu honro a unção que cura, ando debaixo de cura; se desprezo a unção de generosidade, não há colheita financeira que me alcance. Por isso eu escolho andar com gente que celebra quando o vento de Deus sopra na minha casa — porque hoje sopra aí, amanhã sopra aqui. O vento é livre, e eu também preciso ser livre de inveja e comparação.
E tem mais: nem Jesus quis andar sozinho. Sendo Deus, Ele caminhou cercado de amigos, formou caráter por três anos, repartiu mesa, corrigiu, restaurou. Eu, então, não vou me isolar. Vou me abrir para correção, checar acusações antes de tomar partido, viver com transparência. E quando a noite escura vier — porque virá —, amizade de aliança fica. O problema do teu amigo passa a ser meu também; a dor dele encontra meu ombro; a alegria dele encontra meu aplauso.
Hoje, diante do Senhor, eu escolho:
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Ser amigo confiável, de palavra e de lealdade inegociável.
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Romper com isolamento e permitir correções que me salvam de grandes quedas.
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Cercar-me de gente que me aponta para Jesus e para a obediência simples.
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Honrar a unção na vida dos outros e celebrar o bem que Deus está fazendo neles.
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Construir amizades de aliança — não de ocasião —, que sustentam a alma e guardam o futuro.
Falsos amigos são como sombra: quando a escuridão chega, eles somem. Mas amizades de aliança permanecem e nos fazem atravessar a noite com fé e saúde emocional. Que o Senhor gere em mim e em você essa estirpe de amizade. Amém.