Quando eu leio Isaías 51:2 — “Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque era ele único quando o chamei, eu o abençoei e o multipliquei” — meu coração se lembra do que Deus pode fazer por um homem… e do que Deus pode fazer através de um homem. Deus não precisa de uma multidão para começar uma nação; Ele precisa de um chamado respondido com obediência. Abraão era um. Sara era estéril. Humanamente, a possibilidade era zero. Mas o nosso Deus não tem limites.
Abraão não recebeu um “script”. Deus apenas disse: “Sai da tua terra, da tua parentela…” E ele obedeceu. Talvez eu não saiba para onde vou, mas eu preciso saber com quem vou. Isso muda tudo. A segurança da caminhada não está na estrada, está em quem a conduz.
Vivemos uma crise de referências. Falta pai que seja referência, líder que seja referência, gente que nos inspire a olhar para Deus. E, curiosamente, Deus diz: “Olhem para Abraão”. Não por ser perfeito, mas porque sua vida nos ensina caminhos de fé que permanecem. Ele foi chamado “amigo de Deus”. Davi foi homem segundo o coração de Deus, mas a Abraão Deus chamou de amigo. Eu anseio essa amizade — baseada em confiança, obediência e parceria com o céu.
A jornada de Abraão revela um padrão espiritual que também se aplica a mim: chamado, bênção e multiplicação. Deus chama, Deus abençoa e Deus multiplica. Se em mim a bênção para, ela apodrece; se flui, ela alimenta muitos. O maná de ontem não serve para hoje; Deus me chama a relacionamento diário, à obediência de hoje. A bênção de hoje é para hoje — e para que eu seja bênção.
Quando olho para a história, vejo cinco qualidades de Abraão que quero cultivar em mim:
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Sensibilidade – Eu preciso discernir a voz de Deus, mesmo quando o que Ele diz não é o que planejei. Há caminhos que parecem direitos, mas o fim é morte. Sensibilidade é não correr ansioso, é escutar antes de agir; é lembrar que o que está acima da minha cabeça está debaixo dos pés do meu Deus.
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Intimidade – Deus disse: “Ocultarei eu a Abraão o que faço?” Intimidade não se improvisa; ela nasce de tempo, obediência e verdade. Quem anda perto ouve segredos.
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Solidariedade – Abraão não viveu para si. Quando Ló precisou, ele se moveu; quando houve contenda, ele abriu mão do direito de escolher primeiro, porque sabia: a bênção não está no lugar, a bênção está sobre mim. Onde eu colocar a planta dos pés, Deus pode fazer florescer.
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Honra – Abraão era homem de altares. Onde chegava, erguia um altar e dava a Deus o melhor. Honra não é discurso; é prioridade. Foi assim que ele prosperou numa terra e numa época improváveis: honrando ao Senhor com o primeiro e o melhor.
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Fidelidade – A prova mais alta veio com Isaque. Deus não pediu Ismael; pediu o filho da promessa. E, quando Abraão levantou o cutelo, o céu bradou: “Agora sei que temes a Deus”. Deus nunca quis o sangue do menino; Deus quis o coração do pai. Quando Deus me pede o melhor, é porque Ele tem algo maior.
Tudo isso me chama a uma pergunta: Deus pode confiar em mim? Não basta eu crer que Ele é fiel; eu quero ser alguém em quem Ele confia. Se Ele colocar “um” ou “um bilhão” nas minhas mãos, que nada mude no meu coração — a não ser a minha capacidade de abençoar mais pessoas.
Então, eu acolho esse padrão do céu: fui chamado, sou abençoado e serei multiplicador. Não serei represa; serei rio. Que a esterilidade da minha alma seja curada como foi a de Sara, e que, pela graça, eu me torne árvore frutífera para alimentar muitos — começando pelos que estão perto de mim.
Hoje, não amanhã: eu obedeço, honro e reparto. Porque Deus me chamou, Deus me abençoou, e Deus me fará multiplicar. Aleluias!