Se tem algo que é inevitável na nossa caminhada com Deus, são as tempestades. Em Mateus 8:23, vemos os discípulos enfrentando uma grande tempestade no mar da Galileia, enquanto Jesus dormia. E ali, naquele momento de desespero, eles clamam: “Senhor, salva-nos! Vamos morrer!”. E a resposta de Jesus é uma daquelas que faz a gente pensar: “Por que vocês estão com tanto medo, homens de pequena fé?”.
Essa fala de Jesus me faz refletir sobre como agimos nas nossas próprias tempestades. Quantas vezes, diante do medo, do desespero, da dor e da incerteza, a gente se esquece de quem está no nosso barco?
Eu lembro de uma vez que passei por algo parecido — claro, guardadas as proporções. Estava em Manaus, atravessando o Rio Solimões numa voadeira, e começou um banzeiro. Aquele barquinho batia nas ondas de alumínio e fazia um barulho ensurdecedor. Meu sogro do lado, desesperado, e eu também tentando manter a calma. Era água para todo lado. Na hora, deu medo. Mas ali, no meio do caos, aprendi algo: mesmo nas maiores tempestades, há um Deus que nos sustenta.
As tempestades vêm, e quando vêm, nos revelam coisas importantes:
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Decepções: Pessoas em quem confiávamos, muitas vezes somem quando mais precisamos. Esperávamos apoio, mas encontramos ausência.
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Frustrações: Tentamos resolver tudo do nosso jeito, fazemos de tudo, mas nada muda. Como Jonas, tentamos lançar fora a carga do navio, fazer nossas estratégias, mas a tempestade permanece.
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Surpresas: Deus usa pessoas improváveis para nos ajudar. Em meio à dor, Ele envia provisões e abraços que não esperávamos. É a graça Dele nos sustentando.
Mas eu te pergunto: você já se perguntou o motivo da tempestade? No texto, Jesus sai da Judéia com destino à região de Gadara. Lá, Ele libertaria um homem possesso por uma legião de demônios. O que isso nos ensina? Que antes da expansão, vem a transição. Que antes da multiplicação, vem o enfrentamento. O Reino de Deus avançou após aquela tempestade.
Assim também é na nossa vida. A tempestade que você enfrenta hoje pode ser o caminho para um novo nível de fé, de relacionamento com Deus e de propósito. Foi assim com Davi. Antes de derrotar Golias, ele enfrentou o desprezo dos próprios irmãos. Às vezes, nossa maior batalha não é contra gigantes, mas contra a rejeição, o abandono e a dor que ninguém vê.
E olha que interessante: mais tarde, em outra tempestade, Pedro já não reage como antes. Em Mateus 14, ele vê Jesus andando sobre as águas e diz: “Senhor, se é o Senhor mesmo, me deixa ir até Ti”. Ou seja, o foco de Pedro já não era mais a tempestade. O alvo era o relacionamento. Ele queria estar com Jesus, mesmo que o mar ainda estivesse agitado.
Meu irmão, minha irmã, talvez você esteja esperando a tempestade passar para então caminhar com Jesus. Mas a verdade é que Ele te chama para andar com Ele no meio das ondas. Ele não prometeu ausência de ventos, mas garantiu Sua presença.
Então, hoje, a pergunta é: Jesus está no seu barco? Ou melhor, você está disposto a andar com Ele mesmo que o mar não se acalme agora?
Que você possa, como Pedro, olhar para Jesus e dizer: “Eu quero ir até Ti!”. Que sua fé esteja firmada não nas circunstâncias, mas na Rocha. Que sua esperança não esteja em uma calmaria, mas no Príncipe da Paz.
E se você hoje se sente longe, afastado, frio na fé, saiba: Ele continua te chamando. Suas mãos estão estendidas. Ainda é tempo de se voltar para Jesus. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. E nas tempestades da vida, Ele continua sendo Deus.