Durante a nossa caminhada com Cristo, é essencial avaliarmos constantemente nossa vida espiritual, confrontando-nos com perguntas sinceras sobre nossa fé e nosso amor por Jesus. Quero compartilhar com vocês um tema que coloquei o nome de “erosão”, fazendo analogia com o processo lento e imperceptível de desgaste da terra, até que, quando percebemos, já ocorreu um grande deslizamento.
Apocalipse 2:1-4 fala exatamente sobre isso: uma igreja ativa, perseverante, que lutava contra falsos ensinos, mas que havia perdido o seu primeiro amor. O primeiro amor representa nossa paixão inicial, o zelo pela presença de Deus, a intensidade da nossa devoção. Essa erosão espiritual acontece lentamente, assim como a igreja construída de tijolos que, pouco a pouco, desapareceu por pessoas retirando pequenos pedaços, até sumir completamente.
Também lembrei de uma ilustração conhecida: o sapo cozido lentamente. Um sapo colocado em água quente pula imediatamente, mas se colocado em água morna, que vai aquecendo lentamente, não percebe o perigo e morre cozido. Muitas igrejas e cristãos de hoje estão assim, adaptando-se lentamente às mudanças culturais e abandonando convicções bíblicas essenciais.
Se olharmos a história, isso não é novidade. O historiador Edward Gibbon escreveu sobre como grandes civilizações duram cerca de 200 anos, passando de fé espiritual a coragem, liberdade, abundância, complacência, apatia e finalmente de volta à escravidão espiritual. A Igreja também está sujeita a esse ciclo, especialmente quando perdemos o foco em Cristo.
A igreja de Éfeso é um exemplo claro dessa erosão espiritual. Paulo fundou essa igreja com fervor e compromisso, ensinando diariamente por mais de dois anos, gerando um impacto espiritual impressionante, com milagres, libertações e conversões. Porém, mesmo com todo esse fundamento sólido, os ataques espirituais não cessaram. Quando relaxamos na vigilância, abrimos espaço para a erosão espiritual.
É essencial permanecermos vigilantes, pois Satanás busca constantemente meios de enfraquecer a Igreja, seja por perseguição externa ou por falsos ensinos internos. Paulo alertou claramente em Atos 20 sobre “lobos ferozes” que surgiriam até mesmo dentro da igreja, tentando desviar os cristãos do caminho verdadeiro.
Após anos, vemos João escrever para Éfeso em Apocalipse, reconhecendo suas obras, mas apontando o problema grave: “Você abandonou o seu primeiro amor”. É essa perda da paixão por Jesus que permite a erosão espiritual. O assoreamento espiritual nos distancia lentamente, de maneira quase imperceptível, até que percebamos estar longe demais.
Hoje, reflita sinceramente: Jesus ainda é seu primeiro amor? Sua vida reflete essa devoção inicial? Não permita que a erosão espiritual tome conta da sua vida. O remédio é simples, porém poderoso: arrependimento. Reconheça, volte-se para Deus com o coração quebrantado e contrito, pois este Deus jamais despreza.
Que Deus nos ajude a permanecer firmes, vigilantes e apaixonados por Ele até o fim.